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Sacerdote de Umbanda, formado pelo Templo de Umbanda Caboclo Sete Flechas, Ogã formado pelo Templo de Umbanda Cacique Pena Branca, Sócio - Filiado ao Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afro e Coordenador Regional do SOI em Amparo/SP

domingo, 24 de abril de 2016

Orixá Malê

Continuando nossos estudos referente a história da Umbanda, falaremos hoje sobre a Incorporação do Orixá Malê. Já nos aproximando do dia 23 de Abril, data em que se celebra o Dia de Ogum, pertinente também se faz essa explanação.

Como abordado na História da Umbanda 1, falamos que essa foi anunciada no dia 15 de Novembro de 1908 pela espiritualidade através da mediunidade de um jovem de 17 anos chamado Zélio Fernandino de Moraes. Essa anunciação veio através do Caboclo Sete Encruzilhadas que, em encarnações passadas, foi um frei queimado na fogueira da santa inquisição por prever o terremoto em Lisboa. Seu nome era Frei Gabriel de Malagrida.

Abordamos também que, muito embora sua anunciação ocorrera no dia 15 de Novembro, o primeiro culto se deu no dia seguinte (16 de Novembro de 1908) na casa de Zélio, onde manifestou-se espíritos que seriam os pioneiros a conduzirem a umbanda sagrada. São eles: Caboclo Sete Encruzilhadas, o qual falou a todos o que era a Umbanda, ditou suas regras e fundamentos.

Posteriormente, a incorporação de Pai Antônio, um Preto Velho que vem ensinando a simplicidade e a humildade que a umbanda pregaria, bem como a não renegação de nenhum espírito ou irmão.
Ainda, Pai Antônio inicia o uso de elementos (fumo, bebida, oferendas), bem como traz para dentro da umbanda a Devoção aos Orixás.

Árduo e contínuo trabalho, no ano de 1913, cinco anos após a anunciação e iniciação dos cultos Umbandistas, Zélio foi dominado por uma força que não a do Caboclo Sete Encruzilhadas, tampouco de Pai Antônio.

Era uma vibração de um espírito forte e valente, que se apresentara como Orixá Malê, um espírito, ou melhor, um guia espiritual que representava a força do Guerreiro Ogum.

Muito embora denominado de Orixá Malê, não tratava-se de um Orixá como comumente estamos acostumados a dizer ou associar, mas um guia espiritual que, irradiado na força de Ogum, senhor das demandas e das batalhas, vinha realizar trabalhos até então desconhecidos e não ditos anteriormente.
Orixá Malê, sendo um Caboclo de Ogum, era rígido e um pouco rude. Não aceitava o errado e exigia que todos seguissem firmemente a doutrina empregada na umbanda.

Este guia espiritual inicia um nobre trabalho dentro dos cultos da Umbanda. Através de sua força, Malê vêm para desmanchar feitiços e obras de Magia Negra, além de ser especialista na arte da cura.
Tanto assim o é, que as curas realizadas pelo Orixá Malê são contadas de forma afirmativa por Leal de Souza, este que era incrédulo e estudioso da Umbanda.

Para que naquela época a umbanda ganhasse força e credibilidade, Orixá Malê utilizava-se de muitas provas, mostrando a todos que ele realmente estaria lá e a espiritualidade não era apenas uma fantasia.

Para relatos, exemplifico com a História da Borboleta Amarela.
Em uma sessão da casa (Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade), Leal de Souza, na tentativa de obter provas da existência da espiritualidade, estava sentado assistindo aos trabalhos.

Em dado momento, Orixá Malê incorporado em Zélio Fernandino de Moraes, já sabendo que Leal estava ali para obter respostas sobre esses assuntos “paranormais”, disse a esse: “Está vendo essa borboleta amarela que acabara de entrar nesse recinto?. Pois bem, já que queres uma prova de minha existência, amanhã, após chegar em seu trabalho, essa mesma borboleta amarela fará uma visita à você”.

Leal de Souza, confuso com que o Orixá Malê relatara, não deu muita importância. No dia seguinte, levantou e seguiu até seu local de trabalho, já não lembrando o que Malê havia lhe dito no dia anterior.

Após minutos de labuta, eis que entra uma borboleta amarela em seu local de serviço e pousa bem em cima de seu ombro.

Para sua surpresa, uma prova da existência da espiritualidade havia acabado de acontecer. Daquele momento em diante, Leal de Souza deixa de ser um mero estudioso e curioso, e torna-se adepto a

Umbanda, vindo, posteriormente, assumir a direção da Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição.
Isso é apenas uma das provas realizadas pelo Orixá Malê, além de inúmeras curas que realizou aos enfermos e necessitados.

Pois bem. Continuando nossa jornada sobre a história de Malê, interessante abordar que, na suas práticas de cura, Orixá Malê utilizava-se de ANIMAL VIVO.

Destaco e enfatizo o Animal Vivo, pois contrário do que muito se fala que a Umbanda lida com sacrifício de animais, fato que é mentira, o animal era utilizado como fonte de cura, onde Orixá Malê passa-o entre o corpo do consulente (necessitado) e o dispensava VIVO na natureza.

A umbanda é respeito à natureza e de tudo que dela provém. Desta forma, não se faz jus e nexo o sacrifício de animais (respeitando culturas que assim o faz, mas que não são práticas da Umbanda).

Soltando o animal vivo a natureza, Orixá Malê realizava a cura naquele que passava por esse procedimento. Hoje não é muito visto esse procedimento, mas é um relato e fato que, em início, foi muito praticado.

Atualmente, muitas casas de Umbanda realizam trabalhos externos no próprio ponto do Orixá (praias, matas, encruzas, cachoeiras). Aliás, já se tornou praxe das casas realizarem seus rituais no ponto de força para melhor energizar e reequilibrar seus filhos espirituais.

Tal prática se dá, pois Orixá Malê, já vendo a necessidade, ORDENOU que esses trabalhos fossem feitos por adeptos a Umbanda. Eis que surge, então, os trabalhos nos pontos de forças dos Orixás, para que haja, naquele momento, maior ligação entre o encarnado e a espiritualidade.

Interessante, pois vemos que não se trata de “mero querer” do dirigente espiritual. Como diz a celebre frase: “Umbanda tem Fundamentos”. Tanto assim o é que, há um fundamento/explicação para tudo que se realiza dentro dos rituais umbandistas. Nada é inventado, mas sim solicitado pela espiritualidade maior.

Além disso, como instituído por Pai Antônio, iniciou-se a realização de oferendas. Já nas tradições que hoje seguimos, temos o costume de, muitas vezes, não só ofertar frutas aos Orixás, mas também comidas típicas.

Para Ogum, ofertamos a famosa FEIJOADA, que segundo lendas provindas do Candomblé, era a comida de Ogum. Só que vale ressaltar que, tal oferenda, também foi solicitada pelo Orixá Malê, como forma de oferendar a Ogum.

Desta forma, surge a oferenda da feijoada à Ogum nos cultos da Umbanda. Não se estranha que casas de Umbanda assim o fazem, pois não se trata mais de apenas tradição do Candomblé, mas uma solicitação do Orixá Malê que marcou a história da Umbanda.

Vimos, então, já na parte 2 de nossa História, a manifestação de um outro espírito que muito acrescentou nos nossos rituais e contribuiu para a evolução da Umbanda Sagrada.

Trata-se de Orixá Malê, Caboclo mensageiro de Ogum, com finalidades de quebrar demandas, desmanchar magias negras e também a arte de curar as enfermidades físicas e espirituais.

Guia de luz e de batalha, que simboliza a força do guerreiro e a temperança de nossos sentimentos, nos ensinando a lidar com a “guerra” diária, a qual hoje não combatemos com armas de fogo ou lanças, mas através da fé e sentimentos arrematadores, como o amor e o perdão.

Eis a história de Orixá Malê e, desta forma, saúdo o Orixá Ogum, senhor dos caminhos, que no dia 23 de Abril, comemoramos seu dia.

Saravá Ogum!
Saravá Orixá Malê!
Patakori Ogunhê, meu Pai!
Pai Igor Luís de Camargo

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