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Sacerdote de Umbanda, formado pelo Templo de Umbanda Caboclo Sete Flechas, Ogã formado pelo Templo de Umbanda Cacique Pena Branca, Sócio - Filiado ao Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afro e Coordenador Regional do SOI em Amparo/SP

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Coordenadoria Fiscal do SOI em Amparo/SP

Caríssimos irmãos,

O Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afro, instituição máxima da Umbanda no Brasil e Internacionalmente, tem por finalidade a regularização das casas de Umbanda, Ylês, Tendas, etc., dando-lhes todo o respaldo litúrgico e jurídico para o exercício da fé.

Atualmente o SOI se encontra espalhado por vários cantos do Brasil, onde, em cada Estado, há sua representação. Não diferente, atualmente na região de Amparo/SP, o SOI se faz presente e aumentando o número de filiados na cidade.

Você, que é da região de Amparo e está procurando uma maneira de regularizar sua casa, conheça o trabalho do SOI.

Entre em contato com o Coordenador Fiscal e também Associado ao SOI pelo e-mail: soi.coordenacaoamparo@gmail.com

Ou através do site http://www.vozdosorixas.com.br/index.php 

Pai Igor Luís de Camargo

terça-feira, 26 de abril de 2016

O SACRFÍCIO DE ANIMAIS

Caríssimos irmãos e leitores do Doutrina de Umbanda,

Inicio essa publicação com a seguinte redação da Constituição Federal de 1988, especificamente o artigo 5º, VI:

"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

...........................................................
............................................................

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias".

Não precisamos ir muito além para entendermos a Norma Legal. Nossa Constituição, dita cidadã, no rol taxativo do artigo 5º, dispõe que o exercício de qualquer doutrina religiosa é LIVRE, fato que nenhum culto será perseguido ou seus direitos cessados como era antigamente.
Vivemos, por óbvio, em um Estado Laico, onde a religião não se torna influente e não mais restringe nenhum tipo de culto ou prática religiosa.

Mas não venho discutir normas ou leis, mas mostrar minha indignação com a falta de conhecimento e a forma com que pessoas vem deturpando as culturas existentes e pouco se importando com o impacto que gerará, seja de prejuízos a determinado culto ou até mesmo de mais ira e revolta por parte da população desinformada e contrária aos cultos africanos.

Recentemente, na cidade de Valinhos/SP, foi aprovado uma lei que proíbe o sacrifício de animais dentro de cultos religiosos, ou seja, religiões de matrizes africanas. Não venho de forma alguma discutir o certo ou errado, mas apenas mostrar que, dentro desse ritual sério, o animal não é descartado em encruzas ou cemitérios.

No Candomblé ou outra ramificação de Culto Africano, os animais utilizados dentro do culto são, muitas vezes, criados nos terreiros, muito bem cuidados e respeitados, pois ali está o axé (força) do Orixá. 

É claro que em determinadas ocasiões é inviável a criação dentro do terreiro, mas os compram no mercado LEGAL e, antes do ritual, o animal fica dentro do terreiro sendo zelado e cuidado. O animal que é preparado para o corte, não pode sofrer, seja no momento do ritual ou em sua preparação, por isso o zelo com este.

Mas surge a indagação: "O que é feito como o animal? Para que se utiliza?"

O animal para o candomblé, ou melhor, o sangue do animal simboliza a força vital do Orixá. No momento em que o sangue encosta no orí (cabeça) do médium, ali estaria recebendo o axé do seu Orixá, sendo importante consagrador energético. 

Após o corte realizado, algumas partes importantes do animal são retiradas e utilizadas no ritual, como realizar uma oferenda DENTRO DO TERREIRO ou algum tipo de alimento que será consumido pelo médium que passou por aquela liturgia. 

O restante do animal é TOTALMENTE UTILIZADO e CONSUMIDO como alimentos, pois para a cultura do Candomblé, todos que se alimentam com a comida realizada a partir daquele animal, estariam ou estão recebendo também o axé de determinado Orixá.

Mas ainda não é o suficiente, pois já vimos ou ouvimos relatos de que, em dado momento e em determinado local, foram encontrados despachos com animais.

Digo, de forma objetiva e certeira: ISSO NÃO É PRÁTICA DA UMBANDA OU CANDOMBLÉ!

Tais despachos que corriqueiramente vemos, muitos utilizando animais, são práticas de MAGIA NEGRA, fatos que não correspondem com a realidade Umbandista ou Candomblecistas. 
Terreiros que fazem esses tipos de rituais, JAMAIS podem ser denominados de Umbanda e Candomblé, mas de forma vil e repugnante utilizam o nome de religiões sérias e com fundamentos deturpando totalmente os contextos em que se enquadram, fazendo com que Terreiros sejam alvos de depredação e seus adeptos, de retaliação.

Jamais casas de Umbanda ou Candomblé realizariam tal procedimento, de forma a desrespeitar as leis da natureza e do Eterno Criador. Não entro no mérito para discutir se é certo ou errado, até porque sou Umbandista, conhecedor do Candomblé, mas não faço parte em si desse culto. Aprecio a nobre cultura, a história e seus fundamentos, sempre respeitando.

Acredito que, antes de promulgar qualquer tipo de lei que possa interferir na liberdade de culto, devemos sopesar e conhecer, no mínimo, as vertentes religiosas e suas culturas. Não devemos prejudicar a todos por mero e simples achismo.

Nós, seres humanos, não devemos pautar nossas decisões em "achismos", mas termos convicções próprias e fundamentadas, pois só assim auferimos, com êxito, nossos objetivos e metas. Para todos os casos, situações e momentos devemos utilizar da equidade e senso de justiça.

Será que estamos fazendo uma justiça proibindo o uso de animais em ritual ou prejudicando-os, tendo em vista nossa ignorância nos conceitos e culturas?

É de se pensar!

Ativistas, vegetarianos, dizem ser justiça, mas aqui não entra em jogo as suas escolhas, mas um Direito Fundamental intrínseco ao indivíduo: a liberdade de culto.

Vamos melhor analisar. Não peço para que mudem de opinião, mas utilizem um pouco da sabedoria e pesquisem, deixando convicções religiosas de lado, pois devemos tomar nossas decisões independentemente delas. Não se prendam a seu achismo e aprenda a fundamentar sua opinião sem ser com base em discurso de ódio, a ponto de chamar Candomblecistas e Umbandistas de "adoradores do demônio" ou sugestionando algo, como exemplo "macumbeiros, voltem para África".

Respeite e serás respeitado!

Peço que compartilhem isso, de forma a levar o conhecimento e instigar, o mínimo que seja, o senso de pesquisa.

Oxalá abençoe a todos.

Pai Igor Luís de Camargo 
Sacerdote de Umbanda
Coordenador Fiscal do SOI - Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afro.




segunda-feira, 25 de abril de 2016

RITUAL DE JUREMA E CATIMBÓ



Hoje versaremos sobre um tema diferenciado, mas com total ligação à Umbanda e a manifestações dos guias espirituais. Embora muito vasta a história da Umbanda, vamos tratar um pouco das influências que estão contidas no ritual.

Embora passado despercebido ou então pouco conhecido, no ritual da umbanda possuímos aspectos que, muitas vezes, são de cultos diferenciados e distintos. Quando falamos nos pontos cantados, quem nunca ouviu o tradicional ponto de abertura: “vou abrir minha Jurema, vou abrir meu Juremá” ou talvez quando tratamos de pontos de defumação: “defuma com as ervas da Jurema, defuma com arruda e guiné”.

Detalhes que muitas vezes não pensamos ou até imaginamos o que seja, mas quando sabemos do fundamento, sempre uma grande revelação.

Pois então vamos começar com o Ritual de Jurema Sagrada.

Quando falamos no ponto de abertura “vou abrir minha Jurema” ou até mesmo no ponto de defumação “defuma com as ervas da Jurema”, estamos fazendo reverência ao Ritual de Jurema Sagrada que, até os dias atuais, se cultua em alguns estados.

Trata-se de um culto brasileiro que já trabalhava com a espiritualidade, havendo a incorporação de Caboclos, Pretos Velhos, e outras entidades que hoje trabalham também na linha de Umbanda. Esse culto existe bem antes da Umbanda ser anunciada e iniciada em solo brasileiro.

O Culto de Jurema trata-se de um culto que voltava-se para a PAJELANÇA, remetendo-nos a figura do índio.

Para tanto, existem duas formas de Pajelança que foram realizadas: 

 PAJELANÇA TRADICIONAL 
 PAJELANÇA CABOCLO
A primeira (Tradicional) reflete o ritual puro, o qual não sofreu interferências externas ou teve alterações no seu ritual. Refere-se ao culto praticado pelos índios nativos sem haver a influência europeia.

Nessa esteia, podemos ver que há um liame entre o culto puro indígena (Pajelança Tradicional) com a representatividade do Caboclo que trabalha dentro do ritual Umbandista.

Depois, com a interferência da cultura europeia e a vinda dos africanos ao Brasil, o ritual de Jurema sofreu alterações, não mais se tratando de culto puro indígena. A Pajelança Caboclo trata-se da mistura entre o ritual indígena e a influência externa provinda com os europeus e os negros africanos.

O que devemos saber que, antes de existir o ritual de umbanda, existia o culto de Jurema onde a incorporação de entidades que hoje trabalham na umbanda, já era praticada, sempre de forma voltada ao ritual indígena.

Após essas interferências sofridas, a qual deram origem a Pajelança Caboclo, surgiu a Encantaria Brasileira, esta que cultuavam espíritos que desencarnaram, mas que se tornaram seres divinos.
Esse tipo de prática foi estendida pelo solo carioca (Rio de Janeiro) e o solo paulista (São Paulo), esta que misturava a Pajelança oriunda dos cultos indígenas (manifestação do índio/caboclo), o culto aos Orixás (trazida pelos africanos) e a Magia Europeia, a qual trouxe os feitiços e encantarias que eram realizados aos redores da Europa.

Tais práticas ficaram conhecidas como QUIMBANDA ou MACUMBA. Claro que o termo utilizado para denominar essas Encantarias, na atualidade, são utilizadas de forma pejorativa, a fim de denigrir a imagem dos cultos africanos.

Em breve faremos uma síntese nas diferenças entre QUIMBANDA, CANDOMBLÉ, UMBANDA e QUIUMBANDA, onde mostraremos de forma clara que os termos são utilizados de forma incorreta.
Mas por ora, deixamos claro que QUIMBANDA ou MACUMBA são práticas relacionadas a feitiçarias e magias, mas que não estão ligadas à prática de magia negra. Isso é outro culto que não podemos associar como benéfica!

Desta forma, percebemos que a Umbanda é um misto de culturas, mas algumas vezes conhecemos o básico envolvente (cultura do negro africano, sincretismos..) e desconhecemos outras culturas que interferiram direta ou indiretamente na nossa religião.

Depois do Culto de Jurema, veio também o CATIMBÓ, culto do Nordeste Brasileiro que possui algumas diferenças do Ritual de Jurema. Embora na sua estrutura muito parecidos, até por conta de nomes ou práticas que são semelhantes, são práticas distintas.

Há quem diga que Jurema e Catimbó é a mesma coisa, mas uma remete ao Culto Indígena e outro com práticas e métodos distintos.

A palavra Catimbó possui vários significados, mas o que muitos lecionam e agora de forma majoritária, dizem que CATIMBÓ provém de cat (fogo) + timbó (erva, mato), o que na junção fica FOGO NO MATO.

Isso porquê o Catimbó faz o uso de muitas ervas em seu ritual, algumas vezes arruda e guiné, também utilizando o Cachimbo de Angico ou Cachimbo de Jurema onde as ervas eram colocadas.

Trata-se de um ritual que, muito embora cultuando os guias espirituais que, na tradição do Catimbó são denominados de MESTRES, possui uma grande interferência do Cristianismo (imagens dos santos, as rezas, terços) e também a influência do Catolicismo, quando nos remete ao lembrar do batismo dos índios.

Vejamos, dessa forma, que foi uma adaptação do Ritual de Jurema, onde, em primeiro momento, era o culto dos índios sem qualquer influência de outra cultura (Pajelança Tradicional), mas que foi alterada após a vinda dos Europeus e Africanos, os quais trouxeram novas culturas ligadas à religiosidade, surgindo a Pajelança Caboclo.

Por óbvio, o Catimbó herdou toda essa cultura da Jurema, principalmente no que tange a Pajelança Caboclo, fato que corrobora com a diversidade dentro do culto Catimbó.

No ritual, os “Juremeiros” ou “Catimbozeiros”, possuem os padrinhos espirituais que, na oportunidade são Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo. Aqui podemos ver nitidamente a presença do Catolicismo, quando colocam como padrinhos do ritual santos católicos.

Mas nem por isso perde a sua identidade!

Para que se faça parte do Culto de Catimbó, o adepto necessita passar por alguns processos/etapas iniciatórias.  

JURAMENTO  
TOMBO 
JUREMAÇÃO
Assim como toda doutrina religiosa, existe dentro do Catimbó o JURAMENTO, onde nesse momento o iniciante recebe como presente o Cachimbo de Angico / Jurema muito utilizado no ritual.

Passado a fase do juramento, a etapa seguinte é denominada de TOMBO, fase em que o iniciante deve relatar um sonho tido como o MESTRE (guia espiritual) e posteriormente realizar uma oferenda à ele

Por último, a fim de tornar aquele indivíduo parte do culto, vêm a fase da JUREMAÇÃO onde um pedaço da raiz de Jurema é implantado abaixo da pele.

Uma observação importante, quando tratamos de JUREMA, estamos referindo a uma árvore predominante do nordeste. Não se trata de um “lugar na espiritualidade” ou referência à um guia, mas uma árvore sagrada para as pessoas que cultuam e praticam esses rituais.

O ritual do Catimbó é um tanto quanto diferente da Umbanda, pois nele existe uma mesa ao centro contendo jarras e taças com água, as quais, naquele ritual, indicam as setes chaves ou cidades da Jurema (Passagens).

Não só, mas utilizam o MARACÁ (espécie de chocalho), o uso do Cachimbo de Angico, fumos preparados sobre orientação e uma bebida. Essa bebida não se conhece e não se sabe a receita, pois isso é passado de sacerdote à sacerdote, sendo desconhecida por membros.

Além disso, não existe a figura do corpo mediúnico no Catimbó, já sendo uma grande diferenciação da Umbanda, haja vista que em nosso ritual, o corpo mediúnico é fundamental e alicerce nas estruturas umbandistas.

Assim como comentado acima, não existe no Catimbó o então chamado de Guias ou Mentores Espirituais, mas os denominam como Mestres.

Os Mestres são pessoas que já desencarnaram e que já tiveram sua passagem pelo plano terreno. Quando eles se apresentam, devem narrar toda a sua história de vida, essa que não é contada, mas sim CANTADA. Tal prática podemos ver em alguns terreiros de Umbanda, onde a entidade incorporada em seu médium, passa o “ponto cantado”, o qual, muitas vezes, simboliza a história de vida daquela entidade.

É claro que isso foi sendo abolido aos poucos, pois na Umbanda não importa quem foi o guia quando ainda encarnado, mas a importância vem na missão que ele é encarregado de cumprir.

Assim, como na Umbanda existe o Caboclo Pena Branca, Caboclo Pena Verde, no Catimbó eram denominados como Mestres, ou seja, Mestre Pena Branca e assim sucessivamente.
Podemos dizer “é tudo a mesma coisa”, mas lembre-se: FUNDAMENTO É FUNDAMENTO. 

Embora haja semelhanças, não significa dizer que é “tudo a mesma coisa”. Um tanto confuso, mas devemos enxergar que há fundamentos diferentes entre um e outro.
Entendida a iniciação e a estrutura do ritual, falaremos agora sobre as figuras que rodeiam o Catimbó.

Quem nunca ouviu falar em JOSÉ DE AGUIAR SANTANA? Não? Ou que tal ZÉ PILINTRA? Melhorou, não?

José de Aguiar Santana, o tão conhecido Zé Pilintra, tem suas origens dentro do Catimbó, o qual narra a história de um Pernambucano defensor e propagador da Jurema Sagrada.

Bem diferente da figura que conhecemos, não?

Isso porque a figura de Zé Pilintra malandro ou boêmio que hoje associamos, veio apenas na cidade do Rio de Janeiro/RJ, onde cultua-se o malandro, o boêmio das noites, rei do carteado, galanteador, defensor dos menos favorecidos.

Encontraremos várias histórias associadas ao Sr. Zé Pilintra, uns dizendo que veio do nordeste e ocupou a capital do Rio de Janeiro nas noitadas, mas por hora devemos enquadrar apenas que, no Catimbó a imagem de Zé Pilintra é uma e quando associamos ao Rio de Janeiro ou até mesmo São 
Paulo, surge a imagem de Zé Pilintra Malandro, ligado à boemia.

Essas diferenciações de histórias, os modos e jeitos de se reverenciar Zé Pilintra, deriva do fato de que a figura Zé Pilintra é a mais maleável e flexível possível. Tanto assim o é que, podemos perceber em rituais, a manifestação e incorporação de Zé Pilintra na linha de Baianos, justamente fazendo referência ao Pernambucano saudado no Catimbó, na linha de Pretos Velhos, Exus e Malandros, pois com a associação tida no estado do Rio e São Paulo, torna Zé Pilintra um profundo conhecedor dos mistérios da noite, bem como o “malandrão” das madrugadas.

Assim é que, em determinadas casas de umbanda, existem trabalhos específicos para reverenciar a Malandragem (incorporação de espíritos, muitas vezes boêmios) e também a Zé Pilintra.
Por isso vemos que, em Rodas de Zé Pilintra, existem figuras de Malandros, ligados à boêmia, bem como ao Zé Pilintra sertanejo e o malandro carioca. Isso é diversidade!

Mas não só a figura de José de Aguiar Santana (Zé Pilintra) é cultuado no Catimbó, mas outra figura que, em nossos rituais de Exus e Pomba – Giras é muito reverenciada. No Catimbó cultua-se também MARIA PADILHA, essa que não é associada a uma Pomba- Gira como na Umbanda, mas uma verdadeira mestra dentro do Catimbó.

Segundo sua história narrada no culto, era uma moça de família espanhola e que possuía grande conhecimento em feitiçarias. Esses seus conhecimentos, segundo consta, foi compartilhados aos Juremeiros e Catimbozeiros.

Outra figura e extrema importância no Catimbó é MULANGUINHO, sendo o mestre de maior importância dentro da Jurema. Tal figura não é cultuada na Umbanda.

Para encerrarmos, acrescentamos uma curiosidade. No Catimbó era comum o uso das vestimentas quando o “Catimbozeiro” incorporava o espírito. Essas vestimentas representavam o que o espírito foi em terra, por isso há uma variedade e cada uma com suas particularidades.

Hoje, tal prática, foi herdado pela Umbanda (em certos casos) e também pelo Candomblé.
Então podemos entender que, mesmo antes da existência e da iniciação da umbanda, já haviam rituais que cultuavam os espíritos desencarnados e que contribuíram significativamente para o ritual da Umbanda.

Esses cultos eram conhecidos como JUREMA ou CATIMBÓ. Embora parecidos, notamos que houve um incremento ao longo dos tempos, os quais deram a originalidade e particularidades únicas dos rituais.

Isso é um pouco do culto da Jurema ou Catimbó, onde falo com convicção: SE DA UMBANDA NÃO FOSSE, CERTAMENTE SERIA UM JUREMEIRO!

Deixo alguns links para que acessem e vejam um pouco mais dessa história!



Assistam!

Axé e Saravá!

Pai Igor Luís de Camargo

domingo, 24 de abril de 2016

Rádio SENSORIAL FM

Irmãos, meu saravá a todos.

Você Umbandista ou simpatizante conhece a Rádio Sensorial FM? NÃO?

Pois bem! Essa rádio é dedicada inteiramente à nós Umbandistas e Candomblecistas. Uma rádio com programação 24 horas, contendo o melhor conteúdo relacionado à Umbanda e as Religiões de Matriz Africana.

O rádio é coordenado por Pai Ronald Edy de Xangô e conta com uma grande equipe de Colaboradores.

Acessem http://sensorialfm.com.br/ e fique por dentro da programação.
Axé!

Tenda São Jorge - Incrementos aos Ritual Umbandista



Como vimos anteriormente, através da mediunidade de Zélio Fernandino de Moraes, o Caboclo Sete Encruzilhadas inicia o culto da Umbanda em 1908 e detém o objetivo e missão de instituir o ritual Umbandista que se propaga até os dias de hoje.

Como primeiro passo, para que a religião que se iniciara se legitimasse e fosse reconhecida, ou melhor dizendo, conhecida, passou-se as fundações das sete tendas de Umbanda, fato que vimos anteriormente.

Pudemos perceber que as tendas eram compostas da palavra “ESPÍRITA” e o nome de um “SANTO CATÓLICO”, fato esse que, naquela época, fazia de vital importância para que as tendas não fossem fechadas.

É fato que, mesmo havendo uma forma de tentar impedir esses fechamentos ou interdições, as perseguições eram constantes e muitos terreiros foram depredados e seus adeptos presos pela polícia local. Tudo isso se passou em meados de 1930 a 1940 (Era Vargas).

Mas mesmo havendo todos esses empecilhos, o Caboclo Sete Encruzilhadas não se intimidou e continuou com sua missão.

Em meados de 1935, o Caboclo funda a 05º Tenda, denominada de Tenda Espírita São Jorge. Essa Tenda marca o início de uma nova “modalidade” no ritual, ou melhor dizendo, incrementa o ritual que foi instituído pelo Sr. Sete Encruzilhadas. Mas antes de entrarmos no mérito, cumpre destacar que o ritual que se propagava utilizava-se de cânticos e palmas, não havendo qualquer tipo de instrumento percussão.

E isso também foi exceção, pois algumas vezes, nem os cânticos eram entoados, mas através de rezas que se iniciavam os trabalhos.

Pois bem. No ano de fundação da Tenda São Jorge, o qual era dirigida pelo Sr. João Severino Ramos, mediunidade pela qual se manifestava o Caboclo Cobra Coral, veio uma revolução.
Além dos cânticos que muitas Tendas já realizavam, o Caboclo Cobra Coral pede o uso de atabaques durante o ritual que se realizava.

Os atabaques, bem como os cargos daqueles que tocam nesse instrumento (ogã e yadogã), são oriundos do CANDOMBLÉ, que posteriormente, através da tenda São Jorge e a permissão expressa do Caboclo Sete Encruzilhadas, foram introduzidas no culto da Umbanda e isso se propaga até os dias atuais.

Os atabaques possuem vital importância e todos que seguem a linhagem de qualquer religião afro (umbanda, candomblé, quimbanda..) reconhecem sua magnitude dentro do ritual.

Um instrumento capaz de abrir os portais de energia, facilitar a incorporação, dissipar energias e, acima de tudo, segurar as vibrações durante o decorrer do trabalho.

É claro que sua função vai muito além, mas em momento próprio, falaremos especificamente da história do atabaque, dos cargos e de sua importância, dando maior profundidade no assunto.

Por isso, na história que cerca a umbanda, a Tenda Espírita São Jorge foi responsável por introduzir uma mudança na liturgia, acrescentando o uso dos atabaques para melhor sintonizar com as energias e a espiritualidade em si.

Podem, alguns, achar um mero enfeite ou uma desnecessidade, assim como o uso de fios de contas, mas sua importância e fundamento é essencial para nossos trabalhos, devendo ter o respeito com esses instrumentos de trabalho.

Contudo, não foi só essa a contribuição que a Tenda Espírita São Jorge nos trouxe. Além do uso dos atabaques no ritual, a Tenda trouxe uma outra linha de trabalho, como sendo a dos EXUS e POMBA-GIRAS (POMBO-GIRA).

Foi a Tenda Espírita São Jorge que instituiu a linha de trabalho dos nossos Compadres e Comadres, nossos Guardiões e nossos “Policiais” de todas as horas e momentos.

Então, vimos que não se pode deixar passar abatido fatos tão importantes de nossa história, muitas vezes não contadas ou simplesmente ignoradas em algumas casas.

Lembra da famosa frase da Umbanda? “Umbanda tem Fundamentos”.
Pois é isso mesmo que a história nos remete: aos seus princípios e fundamentos. Nada se cria por um mero acaso, mas tudo surge em dado momento e isso se constrói os pilares de nossa cultura.

Saudemos essa tenda pelas mudanças que incrementou e por se perpetuar até os dias de hoje.
Saudemos nosso Pai Ogum, que no sincretismo nos remete a São Jorge, que ontem, 23 de Abril, comemoramos o seu dia.

Salve a Tenda São Jorge!
Salve a Umbanda Sagrada!

Axé.

Pai Igor Luís de Camargo.