Chegamos ao momento da outra e brilhante missão de Zélio Fernandino de Moraes junto ao Caboclo Sete Encruzilhadas.
Passamos do momento de sua anunciação e iniciação (15 e 16 de
Novembro de 1908), do aprimoramento dos rituais com o Orixá Malê (1913) e
agora passamos a fase de propagação da fé Umbandista.
Zélio Fernandino de Moraes, juntamente com o Caboclo Sete
Encruzilhadas, tinham a missão de propagar a Umbanda naquela época e
isso foi realizado através das fundações das Tendas Espíritas, que foram
sete.
Antes de entrarmos no mérito das fundações, faz-se importante
destacar que, muito embora sejam cultos Umbandistas, os nomes se davam
como Tendas Espíritas e com complemento de nomes provindos de santos
católicos.
Tal fato é importante ser analisado, pois naquela época, o culto
africano, aos Orixás, era tido como obra de bruxaria e muito mal visto
pela sociedade. Como, porém, o espiritismo de Kardec era melhor visto na
sociedade, com o intuito de primeiro ganhar o espaço e divulgar que a
Umbanda não era obras de Magia Negra, colocou-se como Espíritas a fim de
ser introduzida na sociedade.
É claro que teve muita perseguição, pois mesmo contendo tais nomes,
muitos perseguiam os terreiros/tendas, com o intuito de aniquilarem
essas “manifestações ruins”, que eram associadas como “culto ao
demônio”.
Principalmente nos anos de 1930 – 1940 (na era Vargas), os terreiros
eram depredados e seus dirigentes e médiuns detidos pela polícia. Era
inadmissível àqueles cultos, tanto que havia uma parte da polícia
própria para a fiscalização desses terreiros.
O delegado que efetuava tais prisões, Dr. Paula Pinto, era o primeiro a chegar nas tendas e prender dirigentes e médiuns.
Fato interessante que, após um dia chegar na Tenda onde Zélio estava
incorporado com Pai Antônio, desesperados com a presença do delegado, o
Preto Velho pediu que este entrasse e sentasse na sua frente. Minutos
depois, o delegado desmaiou. Não se sabe o motivo e o que foi conversado
depois, mas Dr. Paula Pinto abandonou seu posto de coordenador do setor
de fechamento de terreiros e passou a ser seguidor da fé umbandista.
É claro que naquela época, embora a laicidade do Estado, infelizmente
havia uma grande restrição e os direitos à liberdade de culto não eram
obedecidos. Com tudo, após esses ataques frenéticos da Polícia e a mando
do Caboclo Sete Encruzilhadas, criou-se a primeira Federação Umbandista
com o intuito de legitimar a religião, dando respaldo e suporte aos
terreiros e dirigentes. Posteriormente, também como forma de enaltecer a
religião de Umbanda, em 1941 veio o 01º Congresso de Umbanda reunindo
seus adeptos.
Isso posto, entendendo o motivo pelo qual se denominava Tenda de
Espírita com a complementação dos santos católicos, passemos a conhecer
quais as sete tendas fundadas pelo Caboclo Sete Encruzilhadas, seus
dirigentes e guias espirituais responsáveis.
Fora a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, esta que foi dada na
fundação do culto Umbandista (16 de Novembro de 1908), a primeira tenda
fundada após dez anos de sua anunciação, foi a TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.
A Tenda foi fundada na data de 16 de Janeiro de 1918 e teve como
primeira Dirigente Espiritual, Gabriela Soares, cuja mediunidade
incorporava o Caboclo Sapoeba. Posteriormente, o comando da liturgia
passou ao Sr. Leal de Souza, conforme narrado na História do Orixá Malê.
No dia 05 de Março 1925, sete anos depois, fundou-se a Tenda Espírita São Pedro,
tendo por dirigentes espirituais os Srs. José Meirelles e Francis, cuja
as mediunidades se manifestavam os guias Pai Jobá e Caboclo Jaguaribe.
Dois anos depois, no dia 08 de Setembro de 1927, iniciou-se os cultos da Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia,
tendo por Dirigente Espiritual o Sr. Durval de Souza, cuja mediunidade
se manifestava os guias Caboclo Jaguaribe e Caboclo Acahyba.
A quarta tenda fundada, na data de 27 de Junho de 1933, foi a Tenda Espírita Santa Bárbara,
a qual contou como Dirigente o Sr. João Aguiar Salgado, cuja a
mediunidade incorporava os guias Pai Francisco e Caboclo Corta Vento.
Dois anos após a fundação da Tenda Espírita Santa Bárbara, fundou-se no dia 15 de Fevereiro de 1935, a Tenda Espírita São Jorge, tendo por Dirigente Espiritual o Sr. João Severino Ramos, cuja a mediunidade incorporava o Caboclo Cobra Coral.
Essa tenda é de vital importância para nossa história, pois foi a
partir dela que a Umbanda foi inovada. Todavia, tal fato e aspecto
estudaremos em breve, onde falaremos sobre o Culto instituído pelo
Caboclo Sete Encruzilhadas.
No mesmo ano, no dia 16 de Maio, inaugurou-se a sexta tenda, sendo a Tenda Espírita São Jerônimo, tendo por Dirigente espiritual o Sr. José Alves Pessoa, cuja mediunidade incorporava o Caboclo Lua e Pai Jacó.
Encerrando esse ciclo, a sétima tenda foi fundada no ano de 11 de Novembro de 1939, sendo a Tenda Espírita Oxalá, tendo por Dirigente Espiritual o Sr. Paulo Lavois, cuja mediunidade incorporava Pai Serafim e Caboclo Acahyba.
Essa tenda, assim como a Tenda Espírita São Jorge, denotou muita
importância, pois trouxe para dentro do culto umbandista os
Assentamentos que eram realizados na tradição Angola e, mais tarde,
passou a ser conhecida como Umbanda Omolokô.
Estas foram as sete primeiras Tendas que o Caboclo Sete Encruzilhadas
fundou. Todas seguiam seus rituais, mais duas modificaram os rituais,
sendo a Tenda Espírita São Jorge e a Tenda Espírita Oxalá, a qual
abordamos aqui.
Pela importância da modificação do ritual que trouxe a Tenda São
Jorge, faremos uma breve análise em publicação específica, onde
abordaremos um pouco do ritual trazido pelo Caboclo Sete Encruzilhadas e
a implementação trazida pela Tenda São Jorge.
Eis aqui a história das fundações e missões do Caboclo Sete
Encruzilhadas, ainda trazendo um pouco do relato histórico do porquê a
denominação de Tendas Espíritas.
Espero que tenham gostado!
Saravá!
Pai Igor Luís de Camargo
O blog Doutrina Umbandista tem como objetivo levar o conhecimento do Culto da Umbanda a seus adeptos e simpatizantes, além de ser uma forma de divulgar a doutrina àqueles que pouco conhecem nosso ritual.
Quem sou eu
- Doutrina Umbandista
- Sacerdote de Umbanda, formado pelo Templo de Umbanda Caboclo Sete Flechas, Ogã formado pelo Templo de Umbanda Cacique Pena Branca, Sócio - Filiado ao Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afro e Coordenador Regional do SOI em Amparo/SP
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