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Sacerdote de Umbanda, formado pelo Templo de Umbanda Caboclo Sete Flechas, Ogã formado pelo Templo de Umbanda Cacique Pena Branca, Sócio - Filiado ao Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afro e Coordenador Regional do SOI em Amparo/SP

domingo, 24 de abril de 2016

Fundação das Tendas

Chegamos ao momento da outra e brilhante missão de Zélio Fernandino de Moraes junto ao Caboclo Sete Encruzilhadas.

Passamos do momento de sua anunciação e iniciação (15 e 16 de Novembro de 1908), do aprimoramento dos rituais com o Orixá Malê (1913) e agora passamos a fase de propagação da fé Umbandista.

Zélio Fernandino de Moraes, juntamente com o Caboclo Sete Encruzilhadas, tinham a missão de propagar a Umbanda naquela época e isso foi realizado através das fundações das Tendas Espíritas, que foram sete.

Antes de entrarmos no mérito das fundações, faz-se importante destacar que, muito embora sejam cultos Umbandistas, os nomes se davam como Tendas Espíritas e com complemento de nomes provindos de santos católicos.

Tal fato é importante ser analisado, pois naquela época, o culto africano, aos Orixás, era tido como obra de bruxaria e muito mal visto pela sociedade. Como, porém, o espiritismo de Kardec era melhor visto na sociedade, com o intuito de primeiro ganhar o espaço e divulgar que a Umbanda não era obras de Magia Negra, colocou-se como Espíritas a fim de ser introduzida na sociedade.

É claro que teve muita perseguição, pois mesmo contendo tais nomes, muitos perseguiam os terreiros/tendas, com o intuito de aniquilarem essas “manifestações ruins”, que eram associadas como “culto ao demônio”.

Principalmente nos anos de 1930 – 1940 (na era Vargas), os terreiros eram depredados e seus dirigentes e médiuns detidos pela polícia. Era inadmissível àqueles cultos, tanto que havia uma parte da polícia própria para a fiscalização desses terreiros.
O delegado que efetuava tais prisões, Dr. Paula Pinto, era o primeiro a chegar nas tendas e prender dirigentes e médiuns.

Fato interessante que, após um dia chegar na Tenda onde Zélio estava incorporado com Pai Antônio, desesperados com a presença do delegado, o Preto Velho pediu que este entrasse e sentasse na sua frente. Minutos depois, o delegado desmaiou. Não se sabe o motivo e o que foi conversado depois, mas Dr. Paula Pinto abandonou seu posto de coordenador do setor de fechamento de terreiros e passou a ser seguidor da fé umbandista.

É claro que naquela época, embora a laicidade do Estado, infelizmente havia uma grande restrição e os direitos à liberdade de culto não eram obedecidos. Com tudo, após esses ataques frenéticos da Polícia e a mando do Caboclo Sete Encruzilhadas, criou-se a primeira Federação Umbandista com o intuito de legitimar a religião, dando respaldo e suporte aos terreiros e dirigentes. Posteriormente, também como forma de enaltecer a religião de Umbanda, em 1941 veio o 01º Congresso de Umbanda reunindo seus adeptos.

Isso posto, entendendo o motivo pelo qual se denominava Tenda de Espírita com a complementação dos santos católicos, passemos a conhecer quais as sete tendas fundadas pelo Caboclo Sete Encruzilhadas, seus dirigentes e guias espirituais responsáveis.

Fora a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, esta que foi dada na fundação do culto Umbandista (16 de Novembro de 1908), a primeira tenda fundada após dez anos de sua anunciação, foi a TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO. A Tenda foi fundada na data de 16 de Janeiro de 1918 e teve como primeira Dirigente Espiritual, Gabriela Soares, cuja mediunidade incorporava o Caboclo Sapoeba. Posteriormente, o comando da liturgia passou ao Sr. Leal de Souza, conforme narrado na História do Orixá Malê.

No dia 05 de Março 1925, sete anos depois, fundou-se a Tenda Espírita São Pedro, tendo por dirigentes espirituais os Srs. José Meirelles e Francis, cuja as mediunidades se manifestavam os guias Pai Jobá e Caboclo Jaguaribe.

Dois anos depois, no dia 08 de Setembro de 1927, iniciou-se os cultos da Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, tendo por Dirigente Espiritual o Sr. Durval de Souza, cuja mediunidade se manifestava os guias Caboclo Jaguaribe e Caboclo Acahyba.

A quarta tenda fundada, na data de 27 de Junho de 1933, foi a Tenda Espírita Santa Bárbara, a qual contou como Dirigente o Sr. João Aguiar Salgado, cuja a mediunidade incorporava os guias Pai Francisco e Caboclo Corta Vento.

Dois anos após a fundação da Tenda Espírita Santa Bárbara, fundou-se no dia 15 de Fevereiro de 1935, a Tenda Espírita São Jorge, tendo por Dirigente Espiritual o Sr. João Severino Ramos, cuja a mediunidade incorporava o Caboclo Cobra Coral.

Essa tenda é de vital importância para nossa história, pois foi a partir dela que a Umbanda foi inovada. Todavia, tal fato e aspecto estudaremos em breve, onde falaremos sobre o Culto instituído pelo Caboclo Sete Encruzilhadas.

No mesmo ano, no dia 16 de Maio, inaugurou-se a sexta tenda, sendo a Tenda Espírita São Jerônimo, tendo por Dirigente espiritual o Sr. José Alves Pessoa, cuja mediunidade incorporava o Caboclo Lua e Pai Jacó.

Encerrando esse ciclo, a sétima tenda foi fundada no ano de 11 de Novembro de 1939, sendo a Tenda Espírita Oxalá, tendo por Dirigente Espiritual o Sr. Paulo Lavois, cuja mediunidade incorporava Pai Serafim e Caboclo Acahyba.

Essa tenda, assim como a Tenda Espírita São Jorge, denotou muita importância, pois trouxe para dentro do culto umbandista os Assentamentos que eram realizados na tradição Angola e, mais tarde, passou a ser conhecida como Umbanda Omolokô.

Estas foram as sete primeiras Tendas que o Caboclo Sete Encruzilhadas fundou. Todas seguiam seus rituais, mais duas modificaram os rituais, sendo a Tenda Espírita São Jorge e a Tenda Espírita Oxalá, a qual abordamos aqui.

Pela importância da modificação do ritual que trouxe a Tenda São Jorge, faremos uma breve análise em publicação específica, onde abordaremos um pouco do ritual trazido pelo Caboclo Sete Encruzilhadas e a implementação trazida pela Tenda São Jorge.

Eis aqui a história das fundações e missões do Caboclo Sete Encruzilhadas, ainda trazendo um pouco do relato histórico do porquê a denominação de Tendas Espíritas.
Espero que tenham gostado!
Saravá!

Pai Igor Luís de Camargo

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